26/07/2010

Ternura Antiga

UM DIA te deixei.

Fui atrás de aventuras, novas cores e maneiras. Dei com outras criaturas, tive outras brincadeiras.

Dos sonhos de menino na percussão de outro destino tanto eu desafinei; nos mistérios de avenidas, no pulsar de novas vidas, quantas dores só eu sei.

Nunca mais o mesmo rio, nunca mais a mesma ponte, em que outrora mergulhei. Assim como você mudava, enquanto o tempo nos levava, na medida eu mudei.

Das ruas de pedras lavadas, em suores e águas salgadas, tantas, tantas lembranças para sempre levarei.

─ Lembras daquela camisa com a qual te agasalhei, ó primeira de minha vida?

Me alimentei de outros corpos, atraquei em outros portos, mas por muito tempo, querida, foi a ti que eu busquei.

─ Lembras daquele beijo ─ tão doce por ser primeiro ─ quando na Beira-Mar, te deixastes seduzir?

No roçar de nossas peles teu tremor denunciava o que estaria por vir.

Se em meio a minhas loucuras, imprudente eu te traí, te juro, linda menina, a nenhuma fiz a entrega como aquela que te fiz.

Um comentário:

  1. Estava a navegar pelos blogues e vim parar aqui.
    Lindo post.
    Parece uma cantiga.

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